E há, por um acaso, alguma boa razão para gostar desta data festivo-cristã? As ruas da cidade ficam ainda mais congestionadas do que normalmente já são. As pessoas compram presentes como se estivessem comprando sua passagem para o céu, de primeira classe. Bom, se bem que no fundo da consciência dessas pobres criaturas insandecidas, elas acreditam mesmo nisso. O calor num país tropical como o nosso é Senegalesco no mês natalino. O cenário não lembra, nem de longe, aquele fixado em nossas mentes desde os primeiros anos de vida. Não vejo renas na rua, não sei onde fica a Lapônia e neve, aqui, só o papel higiênico do Alfreeeeeeeedo!
Natal é época de perdoar, de amar, de chorar, de ser solidário, de lembrar das pessoas amadas, do porteiro que você nunca dá bom dia, do lixeiro que você xinga porque deixa o saco de lixo rasgar em frente a sua calçada e de todas as instituições de caridade do mundo. Arrrrgh… Natal é época de golfar em jatos, isso sim!!!
Eu acho Natal um porre. E olha que nem bebo. Talvez seja por isso que eu odeie tanto aquelas festas de amigo secreto. Encaro-as sempre sóbrio. Sem Cidra Cereser na cabeça. Tem coisa pior do que ter que presentear um parente com o qual você é brigado há anos? Ou então ter que surpreender uma pessoa do almoxarifado da sua empresa, que você nunca viu em toda sua vida, com um presente com valor estipulado em R$ 20,00.
Pensando bem, tem, tem sim: a revelação de amigo secreto. Ah, essas encenações são pitorescas e grotescas demais. Nada me incomoda mais do que aquelas brincadeiras cretinas usadas (em vão, é claro!) para “despitar” as pessoas. “Ah, o meu amigo secreto é alto… magro… cabeludo…elegante” . E na verdade é o clone do Danny de Vito. Gente, que estupidez isso. Pra que? Que perda de tempo. Que humor sem graça. Sempre regado a trilha sonora de irritantes e estridentes “Uhuuuuus”. Além, é claro, daquele Cd da Simone cantando “Então é Natal”. Versão que faz o pobre Beatle George se revirar no túmulo.
Mas Natal não é só isso, não: tem os trocadilhos com o Peru. “Vai um peru aí?” diz o cunhado bêbado para a concunhada com cara de santinha. Ou “ Ah, esse Natal foi do peru.”, fala alegremente o tio fanfarrão. “Quem foi que pegou no meu peru?”, insiste o chato do filho mais novo daquela tia que você só vê em velórios, casamentos e, `as vezes, no 24 de dezembro.
Pode ser que eu odeie o Natal por nunca ter ganho, quando criança, os presentes que todos os meus amigos ganhavam. Nunca tive um Autorama, um carrinho de controle remoto, uma Mobilete. Nada. O bom velinho me dava apenas os presentes que cabiam no orçamento do meu pai. Que coincidência, né? Isso sem contar que faço aniversário 10 dias antes do Natal. Há, quantas vezes não ganhei um só presente para as duas datas e tive que me conformar. Pior mesmo, só se tivesse nascido dia 25 e meus pais tivessem me batizado de Natalino!
Um feliz Natal a todos.
Se é que isso é possível!
sexta-feira, 14 de dezembro de 2007
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2 comentários:
Mto bom o texto. O melhor foi o cunhado bêbado mexendo com a concunhada!
Mto bom Marcelo,concordo plenamente com vc. Pra mim o Natal nao passa de um data fútil e sem sentido onde o consumismo desenfreado toma conta!!
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